O Prêmio Jabuti divulgou, na última quinta (26), os vencedores da sua 62ª edição. Publicado pela Editora Record em 2019, o livro Uma furtiva lágrima, de Nélida Piñon, recebeu o troféu na categoria Crônica. A obra foi avaliada pelo júri, composto pela escritora e editora Cidinha da Silva, o mestre em linguística Egon Rangel e a professora Luana Chnaiderman, sob os critérios de originalidade, expressividade e qualidade da escrita, além de sua interlocução com a realidade, cotidiano ou história.
Na obra, Nélida fala sobre sua infância no Rio de Janeiro, a amizade com Clarice Lispector e a relação com seus antepassados. Com extraordinário talento para narrar suas experiências e rara habilidade para sublinhar os sabores dos detalhes, a premiada escritora costura um retrato de autoficção e memória, redimensionando os limites formais da literatura. De início, o plano era fazer um diário para anotar a nova fase de vida, mas as lembranças a levaram a essas reflexões poéticas da realidade, que estão presentes em Uma furtiva lágrima (Ed. Record), na qual narra, em primeira pessoa, a sua própria história.
Na categoria de Livro Brasileiro Publicado no Exterior, o vencedor foi João Gilberto Noll, com o título Lorde, publicado no país pela Editora Record. O livro já havia sido premiado pelo Jabuti em 2005, no gênero Romance. E não é para menos: nele, o autor expõe com primor as divagações de um sujeito que experimenta o desconhecido para se descobrir. Com um misterioso convite, passagens, e oferta de hospedagem, o personagem transita pelas ruas, hospitais, hotéis, e estabelece relações passageiras com desconhecidos.
Neste ano, por conta da pandemia do coronavírus, a cerimônia que acontece desde 1958 foi realizada inteiramente de forma virtual. Considerada a premiação mais tradicional de livros do Brasil, o Prêmio Jabuti homenageou a escritora Adélia Prado como a Personalidade Literária da edição, por seu “compromisso intenso com as artes, e principalmente com nossa Literatura”, como revela a organização do evento. Prado é autora do livro de poemas O Coração Disparado (Editora Record), que recebeu o Prêmio em 1978.