O Prêmio Jabuti 2020 anunciou hoje quais são as obras e autores na primeira lista de finalistas da 62ª edição da premiação, que homenageia a poeta Adélia Prado. O Grupo Editorial Record aparece em 5 categorias: Romance Literário, Crônica, Biografia, Documentário e Reportagem, Ciência e Livro Brasileiro Publicado no Exterior. A segunda lista, com os cinco finalistas em cada categoria será divulgada no dia 5 de novembro no site do prêmio. Já os vencedores e o ganhador do Livro do Ano serão anunciados cerimônia de premiação on-line, que será transmitida ao vivo nas redes sociais da CBL, no dia 26 de novembro.
Do Grupo Editorial Record, estão no páreo Edney Silvestre, na categoria Romance Literário, com O último dia da inocência (Ed. Record), Luiz Antonio Simas, com O corpo encantado das ruas (Ed. Civilização Brasileira), a veterana Nélida Piñon, com Uma furtiva Lágrima (Ed. Record), ambos na categoria Crônica, Mário Magalhães, com Sobre lutas e lágrimas: uma biografia de 2018 (Ed. Record), na categoria Biografia, Documentário e Reportagem; Marcelo Gleiser, com O Caldeirão Azul: o universo, o homem e seu espírito (Ed. Record), na categoria Ciência e uma grata surpresa, o retorno de Lorde, de João Gilberto Noll, ao Jabuti: o livro foi vencedor do Prêmio em 2005 e reaparece agora concorrendo na categoria Livro Brasileiro Publicado no Exterior
Homenagem a Adélia Prado
Autora da Editora Record, a poeta Adélia Prado é a grande homenageada do Prêmio Jabuti em 2020. Segundo a Câmara Brasileira do Livro, Adélia foi a homenageada escolhida “por sua obra e seu compromisso intenso com as artes, e principalmente com nossa literatura”. A escritora foi vencedora do Jabuti em 1978, dentre inúmeros outros prêmios nacionais e internacionais, como reconhecimento de seu talento e colaboração com a poesia de nosso tempo.
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Livro a livro: conheça os indicados ao Jabuti 2020
O último dia da inocência, de Edney Silvestre
Em meio às tensões do dia do comício de João Goulart na Central do Brasil, um jovem jornalista – indiferente às conspirações políticas à sua volta – se vê testemunha de um assassinato, do qual se torna o principal suspeito. Enquanto tropas do Exército, conspiradores e manifestantes vão se juntando no centro do Rio de Janeiro, o jovem – que não se recorda de ter cometido o crime – busca, desesperadamente, quem possa ajudar a inocentá-lo. Inteiramente passado em 13 de março de 1964, O último dia da inocência (Ed. Record, 196 págs, R$ 39,90) mistura situações e personagens reais a criações fictícias. A primorosa reconstrução do ambiente político brasileiro e a recriação do Rio de Janeiro costura ficção de primeiríssima grandeza, em que se descortinam personagens destinados a permanecer na memória do leitor. Edney Silvestre foi ganhador dos Prêmios Jabuti e São Paulo de Melhor Romance, em 2010, com o título Se eu fechar os olhos agora.
O corpo encantado das ruas, de Luiz Antonio Simas
As ruas, como vistas por Luiz Antonio Simas, incorporam o movimento. São terreiro de
encontros improváveis, território de Exu, que se manifesta na alteridade da fala e na afluência das encruzilhadas. Do Centro ao subúrbio, as tramas das ruas cariocas confundem-se com sua escrita. Se João do Rio foi o cronista da alma encantada carioca do início do século XX, Luiz Antonio Simas aparece, cem anos depois, como o historiador do corpo do Rio de Janeiro atravessado pelas flechas do capital cultural e financeiro global. O corpo encantado das ruas (Ed. Civilização Brasileira, 112 págs, R$ 34,90) reivindica a riqueza dos saberes, práticas, modos de vida, visões de mundo das culturas que não podem ser domados pelo padrão canônico. Aqui, tambor e livro são tecnologias contíguas. O Parque Shanghai é tão importante quanto o Cristo Redentor. Bach é um gênio como Pixinguinha. O Museu Nacional, um território sagrado, que acumulava o axé proporcionado pelos ancestrais à comunidade. Não é um livro sobre resistir. É sobre reexistir. Para que corpos amorosos, corpos de festa e de luta se lancem ao movimento e jamais deixem de ocupar a rua. Luiz Antonio Simas recebeu o Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção 2016 com Dicionário da história social do samba, que escreveu em parceria com Nei Lopes.
Uma furtiva Lágrima, de Nélida Piñon
Nélida Piñon vale-se em Uma furtiva lágrima (Ed. Record, 320 págs, R$ 54,90), mais uma vez, de sua fina capacidade de costurar reminiscências. Em uma obra de autoficção e memórias, com extraordinário talento para narrar suas experiências e rara habilidade para sublinhar os sabores dos detalhes, valoriza e rejuvenesce os limites formais da literatura. Uma escritora para quem a morte, domada, é personagem; para quem o veredito da morte, projetado, é diagnóstico para resistir e superar. A autora, empossada como imortal pela Academia Brasileira de Letras, onde tornou-se a primeira mulher a presidi-la, recebeu os prêmios brasileiros Golfinho de Ouro, Mário de Andrade e Jabuti — este, de melhor romance e livro de ficção de 2005, por Vozes do deserto.
Sobre lutas e lágrimas: Uma biografia de 2018, de Mário Magalhães
Com o rigor dos grandes repórteres e a vivacidade dos melhores ensaístas, o premiado jornalista Mário Magalhães apresenta um retrato do Brasil de 2018 em Sobre lutas e lágrimas: Uma biografia de 2018 (Ed. Record, 330 págs, R$ 29,90). Os protagonistas são Marielle Franco, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. O autor articula de forma magistral acontecimentos e personagens como: a caçada irracional a macacos considerados transmissores da febre amarela, a intervenção militar no Rio de Janeiro, o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, a prisão de Lula, a paralisação dos caminhoneiros, o Dr. Bumbum, a ascensão da censura, a tragédia do feminicídio, a queda de Neymar na Copa, o delírio Ursal, o espectro do nazifascismo, o incêndio no Museu Nacional, a violência no processo das eleições, a facada em Bolsonaro, a ilusão do vira-voto, o triunfo da extrema direita, o “ninguém solta a mão de ninguém”… E também o clã Bolsonaro e suas ligações perigosas, o ideário obscurantista do novo governo, a pregação do movimento Escola Sem Partido, a luta contra as trevas, entre outros eventos que fizeram de 2018 um ano que tão cedo não vai terminar. Mário Magalhães já recebeu 25 prêmios jornalísticos e literários no Brasil e no exterior, dentre eles o Prêmio Esso de Jornalismo e Prêmio Jabuti.
O caldeirão azul: O universo, o homem e seu espírito, de Marcelo Gleiser
O caldeirão é onde se misturam ingredientes visando sua transmutação. É o laboratório onde buscamos alguma forma de transcendência, o portal que nos transporta a uma nova realidade. Em O caldeirão azul: O universo, o homem e seu espírito (Ed. Record, 224 págs, R$ 49,90), Marcelo Gleiser reúne ensaios provenientes de sua reflexão sobre as questões que considera mais relevantes para o momento atual: nossa relação com o planeta e suas criaturas, com os membros da sociedade em que vivemos, e com a tecnologia, que está transformando quem somos e como nos relacionamos. O tema que conecta todos os textos é a visão da ciência como produto da nossa capacidade de nos maravilhar com o mundo toda vez que nos engajamos com o mistério da criação. Nesta obra, Gleiser nos lembra que a ciência, aliada à nossa busca por respostas e nosso fascínio pelo mistério que nos cerca, pode ser usada tanto como ponte para um mundo melhor, como para construir a pior distopia imaginável. E nos convida a refletir – e decidir – sobre o futuro que queremos para nós, respeitando as diferenças de cada um e estando abertos para aprender com os que pensam de outras formas. Marcelo Gleiser recebeu o Prêmio Jabuti por três vezes com os livros A dança do universo, O fim da Terra e do Céu e A simples beleza.
Lorde, de João Gilberto Noll
No aeroporto de uma Inglaterra gelada, um escritor brasileiro não sabe o que o aguarda. Recebera de um homem misterioso um convite, as passagens, a oferta de hospedagem e embarcara. Em Lorde (Ed. Record, 128 págs, R$ 42,40), João Gilberto Noll, com seu estilo consagrado pela crítica, constrói um personagem que transita pelas ruas, hospitais, hotéis, estabelece relações passageiras com desconhecidos, e, como diz, apenas trocou a solidão que vivia no Brasil pela solidão que vive na Inglaterra. Neste livro, o autor expõe com primor as divagações de um sujeito que experimenta o desconhecido para se descobrir. Autor de dezenove livros, Gilberto Noll já foi homenageado com diversos prêmios, incluindo o Jabuti.